Aspartame: 200 vezes mais doce que açúcar, descoberta e usos

A substância doce conhecida como aspartame, que agora está presente mesmo em pastilhas efervescentes de vitamina C, foi descoberta há 62 anos e, inicialmente, foi indicada para dietas com restrição calórica. O aspartame surgiu por acaso, sendo descoberto pelos químicos James Schlatter. A história por trás dessa revelação ocorreu em 1961, quando o pesquisador estava tentando desenvolver um remédio para úlcera. Durante os testes em seu laboratório, a mistura que seria utilizada no medicamento espirrou em suas mãos.
Posteriormente, ao lamber a ponta dos dedos para pegar uma folha de papel, ele sente um sabor adocicado. Ficando curioso sobre quando havia lavado as mãos pela última vez, ele estabeleceu uma conexão entre os eventos anteriores. Como o composto desenvolvido por Schlatter não era tóxico, ele decidiu provar diretamente o líquido e concluiu que era, de fato, o mesmo sabor que experimentara acidentalmente em seu dedo. Com um poder adoçante 200 vezes maior do que o açúcar, apenas uma pequena quantidade de aspartame é necessária para obter o mesmo efeito da sacarose.
O aspartame possui duas funções, de acordo com a classificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): edulcorante, uma substância que confere sabor doce ao alimento, diferente dos açúcares; e realçador de sabor, uma substância que ressalta ou intensifica o sabor/aroma de um alimento. No entanto, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), considera o aspartame como possível cancerígeno.
Atualmente, os limites de uso considerados seguros variam. Segundo a regulamentação da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a quantidade máxima de aspartame que pode ser ingerida por dia é de 50mg/kg. No Brasil, o limite máximo é de 750 mg/kg para alimentos e bebidas destinadas a dietas com restrição de açúcares. No caso de alimentos e bebidas com alegações nutricionais de substituição total ou parcial de açúcares, os limites são diferentes.
O aspartame está presente em alimentos com inscrição “sem adição de açúcar” e também naqueles chamados de “diet”. Na prática, a diferença entre eles é apenas o público-alvo. Os alimentos dietéticos são frequentemente indicados para pessoas com diabetes, enquanto os alimentos “sem açúcar” são direcionados para aqueles que buscam opções mais saudáveis ou seguem uma dieta restrita.
É importante notar que, nos casos de produtos diet, também podem ser usados outros adoçantes, como xilitol e estévia. Para identificar quais produtos alimentícios contêm aspartame, é necessário verificar os rótulos. Gomas de mascar, misturas em pó para preparar cafés e capuccinos, adoçantes de mesa, sucos em pó, gelatinas, refrigerantes e até mesmo comprimidos efervescentes de vitamina C são alguns exemplos de alimentos nos quais o aspartame pode ser encontrado.
Apesar de ter sido considerado seguro para consumo até o momento, novas pesquisas levaram o aspartame a ser incluídas na lista de prioridades para avaliação pelo Iarc e pelo Comitê Misto FAO/OMS de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA). Enquanto o Iarc avalia o potencial carcinogênico, o JECFA está atualizando uma avaliação de risco, incluindo uma revisão da Ingestão Diária Aceitável (IDA). Os resultados de ambas as estimativas devem ser divulgados conjuntamente.
No Brasil, a autorização para o uso de edulcorantes é concedida pela Anvisa, que realiza as estimativas de segurança e estabelece os limites máximos. Essas estimativas são recomendadas nas diretrizes do Comitê de Especialistas em Avaliação de Segurança de Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fonte: G1